sábado, 27 de abril de 2024

O direito à Escola sem Celulares por OUTRAS PALAVRAS , O OLHAR E O CÉREBRO PAGARAM COM DEFICITES SÉRIOS ALIADO A MÁ COGNIÇÃO

 


por 
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DITO E REDITO CRIANÇAS,JOVENS , ADULTOS E A REDUÇÃO DOS SENTIDOS COM O MUNDO DIGITAL.E A CONTA VIRÁ MAIS TARDE, O OLHAR E O CÉREBRO PAGARÃO COM DÉFICITIS SÉRIOS COMO A MÁ COGNIÇÃO P VASCO

Evidências apontam: smartphones e redes sociais deformam o ambiente escolar e produzem apatia, depressão e dessocialização em crianças e adolescentes. Contra a pressão das Big Techs, e por outro projeto educacional, é preciso suprimi-los

Por Jonathan Haidt, em After Babel | Tradução: Antonio Martins

MAIS:
O psicólogo social Jonathan Haidt, autor deste texto, acaba de lançar Thes Anxious Generation [“A geração ansiosa”], que sairá no Brasil em setembro, pela Companhia das Letras. Haidt mantém o site After Babelonde aprofunda, em escritos frequentes, o estudo sobre como as redes sociais descaracterizam a escola e corroem a democracia. O artigo a seguir foi publicado originalmente lá.


Em maio de 2019, fui convidado para dar uma palestra na minha antiga escola em Nova York. Antes da palestra, encontrei-me com o diretor e os principais coordenadores. Ouvi-os dizer que a escola, como a maioria das instituições de ensino secundárias dos EUA, lutava contra um grande e recente aumento de doenças mentais entre os alunos. Os diagnósticos iniciais eram depressão e transtornos de ansiedade, com taxas crescentes de automutilação; as meninas eram particularmente vulneráveis. Disseram-me que os problemas de saúde mental surgiram quando os alunos chegaram ao nono ano: ao sair do ensino fundmental [middle school], muitos alunos já estavam ansiosos e deprimidos. Muitos também já eram viciados em celulares.


Dez meses depois, fui convidado para dar uma palestra na Scarsdale Middle School. Lá também me encontrei com a diretora e seus principais responsáveis e ouvi o mesmo: os problemas de saúde mental haviam piorado muito em pouco tempo. Muitos dos alunos que chegavam ao sexto ano já estavam ansiosos e deprimidos. E muitos, viciados em seus telefones.

Para os professores e gestores com quem conversei, não foi mera coincidência. Eles viam ligações claras entre o aumento do vício em telefone e o declínio da saúde mental, para não falar do declínio do desempenho escolar. Um tema comum em suas falas era: Todos nós odiamos telefones . Manter os alunos longe de seus dispositivos durante as aulas era uma luta constante. Chamar a atenção dos alunos era mais difícil, porque eles pareciam permanentemente distraídos e congenitamente distraíveis. Drama, conflito, intimidação e escândalo aconteciam continuamente durante o dia escolar em plataformas às quais os funcionários não tinham acesso. Perguntei por que eles não podiam simplesmente proibir os telefones no horário escolar. Responderam que muitos pais ficariam chateados se não conseguissem falar com seus filhos durante a jornada.

Muita coisa mudou desde 2019. A defesa das escolas sem telefone é muito mais forte agora. Como meu assistente de pesquisa, Zach Rausch , e eu documentamos em meu Substack, After Babel, evidências de uma epidemia de doenças mentais, que começou por volta de 2012 , continuam a se acumular. O mesmo ocorre com evidências de que isso foi causado em parte pelas mídias sociais e pela mudança repentina para os smartphones, no início da década de 2010. Muitos pais agora percebem o vício e a distração que esses dispositivos causam em seus filhos; a maioria de nós já ouviu histórias angustiantes de comportamento autolesivo e tentativas de suicídio entre os filhos de nossos amigos. Há duas semanas, o surgeon-gernal dos Estados Unidos emitiu um alerta, afirmando que as redes sociais podem representar “um risco profundo de danos à saúde mental e ao bem-estar de crianças e adolescentes”.

Há agora mais precedentes: muitos novos exemplos de escolas que ficam totalmente sem telefone durante a jornada escolar. É o momento certo para pais e educadores perguntarem: Devemos livrar a jornada escolar dos celulares? Isso reduziria as taxas de depressão, ansiedade e automutilação? Melhoraria os resultados educacionais? Acredito que a resposta para todas essas perguntas é sim.


Pense em como é difícil para você permanecer concentrado na tarefa e manter uma linha de pensamento enquanto trabalha no computador. Emails, mensagens de texto e alertas de todos os tipos apresentam continuamente oportunidades de fazer algo mais fácil e divertido do que o que lhe ocupa agora. Se você tem mais de 25 anos, possui um córtex frontal totalmente maduro para ajudá-lo a resistir à tentação e a manter o foco – mas provavelmente tem dificuldades para fazer isso. Agora imagine um telefone no bolso de uma criança, vibrando a cada poucos minutos com um convite para fazer algo diferente de prestar atenção. Não há córtex frontal maduro para ajudá-las a permanecer concentrados na tarefa.

Muitos estudos estabeleceram que, apesar das regras das escolas, os alunos verificam muito o telefone durante as aulas e recebem e enviam mensagens de texto, quando conseguem. Seu foco é frequente e facilmente dispersado por interrupções em seus aparelhos. Um estudo de 2016 apontou que 97% dos estudantes universitários usam o telefone durante as aulas para fins não educacionais. Quase 60% dos alunos disseram que passam mais de 10% do tempo de aula ao telefone, principalmente enviando mensagens de texto. Muitos estudos mostram que os alunos que usam o telefone durante as aulas aprendem menos e obtêm notas mais baixas .

Você pode estar pensando que essas descobertas são meramente correlacionais; talvez os alunos mais inteligentes sejam mais capazes de resistir à tentação? Talvez, mas outras experiências também mostram que usar, apenas olhar para um telefone ou receber um alerta faz com que os alunos tenham um desempenho inferior.

Por exemplo, considere este estudo, apropriadamente intitulado “Cérebros desviados: a mera presença do smartphone reduz a capacidade cognitiva disponível”. Os alunos envolvidos no estudo foram a um laboratório e fizeram testes comumente usados para medir a capacidade de memória e inteligência. Foram distribuídos aleatoriamente em um de três grupos, seguindo as seguintes instruções: (1) Coloque o telefone na mesa, (2) deixe-o no bolso ou na bolsa ou (3) deixe-o em outro cômodo. Nenhuma dessas condições envolve o uso ativo do telefone – apenas a distração potencial de saber que ele está lá, com mensagens de texto e postagens em mídias sociais esperando. Os resultados foram claros: quanto mais próximo o telefone estava dos alunos, pior era o seu desempenho nos testes. Até mesmo ter um telefone no bolso prejudicava as habilidades dos envolvidos no estudo.

O problema não é apenas uma distração transitória,. O uso intenso do telefone ou das redes sociais também pode ter um efeito cumulativo, duradouro e deletério na capacidade dos adolescentes de se concentrarem e dedicarem. Quase metade dos adolescentes norte-americanos afirma estar online “quase constantemente”, e essa oferta contínua de pequenos prazeres pode produzir mudanças sustentadas no sistema de recompensa do cérebro , incluindo uma redução dos receptores de dopamina. Isso muda o humor geral dos usuários para irritabilidade e ansiedade, quando separados de seus telefones, e reduz sua capacidade de concentração. Pode ser uma das razões pelas quais os usuários frequentes de telefones avaliações escolares mais baixa. Como argumentaram recentemente os neurocientistas Jaan Aru e Dmitri Rozgonjuk : “O uso de smartphones pode ser perturbadoramente habitual. Seu preincipal prejuízo é a incapacidade de exercer esforço mental prolongado”.

Mas os smartphones não apenas afastam os alunos dos trabalhos escolares; eles os afastam um do outro também.

O psicólogo Jean M. Twenge e eu descobrimos um aumento global na solidão nas escolas, a partir de 2012. Estudantes de todo o mundo tornaram-se menos propensos a concordar com perguntas como “Sinto que pertenço à escola” e mais propensos a concordar com outras do tipo: “Sinto-me sozinho na escola”. Foi mais ou menos nessa época que os adolescentes passaram a usar maciçamente os smartphones. Foi também quando o Instagram pegou fogo entre meninas e mulheres jovens em todo o mundo, após sua aquisição pelo Facebook, introduzindo a cultura selfie e os seus níveis venenosos de comparação social visual.

Uma maneira pela qual os telefones prejudicaram nossos relacionamentos é por meio do “phubbing” (uma contração dephone e snubbing, algo como desprezo telefônico), quando uma pessoa interrompe uma conversa para olhar para a tela. A pesquisa mostra que o ato interfere na intimidade e na qualidade percebida das interações sociais. As pessoas mais viciadas em seus telefones são, sem surpresa, as maiores phubbers , o que pode explicar por que são as mais deprimidas. e solitárias . Depois que alguns alunos começam a fazer phubbing para outros, estes sentem-se pressionados a pegar seus próprios telefones e, num piscar de olhos, a cultura de toda a escola muda.

Se você tiver alguma dúvida de que os telefones na escola prejudicam as conexões sociais, converse com os alunos sobre o que acontece na hora do almoço. Meus alunos de graduação na Universidade de Nova York me dizem que é difícil ter conversas reais, porque a maioria de seus colegas mantém seus telefones na mesa e frequentemente se afastam para verificar ou responder a notificações. Um estudo de 2018 realizado pelos psicólogos sociais Ryan Dwyer, Kostadin Kushlev e Elizabeth Dunn testou esta intuição. Centenas de estudantes universitários e membros da comunidade foram convidados a compartilhar refeições em um restaurante, com familiares ou amigos. Participantes de cada pequeno grupo foram designados para colocar seus telefones na mesa ou guardá-los. Os resultados? “Quando os telefones estavam presentes, os participantes sentiam-se mais distraídos, o que reduzia o quanto gostavam de passar tempo com os amigos e ou familiares.”

Há seis anos venho estudando e escrevendo sobre os efeitos dos smartphones e das mídias sociais no comportamento, no desenvolvimento e na saúde mental dos adolescentes. Para ajudar a organizar a pesquisa existente sobre esses tópicos, criei uma série de documentos de código aberto do Google , dos quais fiz a curadoria com Zach Rausch. Recentemente, criamos uma revisão colaborativa de escolas sem telefone , catalogando os estudos que observei neste artigo e muitos mais.

Consideremos as palavras da professora do MIT, Sherry Turkle, no seu livro Reclaiming Conversation [“Resgatando a Conversação”]: Por causa dos nossos telefones, ela escreve, “estamos para sempre noutros lugares”. Se quisermos que as crianças estejam presentes, aprendam bem, façam amigos e sintam que pertencem à escola, devemos manter os smartphones e as redes sociais fora do dia escolar durante o maior tempo possível.

O que significa ficar sem telefone?

De acordo com o Centro Nacional de Estatísticas da Educação dos EUA, em 2020 “existiam proibições de telefones celulares em 77% das escolas do país ”. Mas este número elevado parece referir-se a um padrão muito baixo: inclui qualquer escola que diga aos alunos que não devem usar o telefone durante as aulas – a menos que o uso esteja relacionado com a aula. Isso não é realmente uma proibição; é mais um desejo inexequível. Tal política garante a continuidade da luta entre professores e alunos, e significa que há sempre crianças a olhar para telefones escondidos no colo ou em livros, especialmente nas aulas em que o professor ficou exausto pelo jogo interminável do policiamento telefônico. Quando algumas crianças postam e enviam mensagens de texto durante as aulas, isso aumenta a pressão sobre todos os outros para verificarem seus telefones. Ninguém quer ser a última pessoa a saber sobre o que todo mundo está falando nas mensagens de texto.

Outros países estão à frente na política em relação aos telefones. A França proibiu o uso de celulares nas dependências das escolas até o nono ano em 2018 (embora a lei permita que os alunos mantenham seus telefones na bolsa ou no bolso, para que ainda os usemfurtivamente). Em Nova Gales do Sul, na Austrália, a utilização de celulares foi proibida nas escolas primárias e em breve será proibida nas escolas secundárias, embora as escolas possam decidir como implementar as proibições .

Algumas escolas nos EUA assumiram agora posições igualmente intransigentes em relação aos telefones. Por exemplo, o autor Mark Oppenheimer escreveu no início de 2023 no The Atlantic sobre St. Andrew’s, um pequeno internato em Delaware que permite que os alunos usem seus telefones apenas quando estiverem em seus dormitórios, e não em qualquer outro lugar do campus – uma medida a que alguns os alunos inicialmente resistiram, mas agora tem amplo apoio estudantil.

Mais escolas – possivelmente, todas – deveriam transformar-se em zonas livres de celulares. Como isso seria, na prática? Acho útil pensar nas restrições telefônicas em uma escala de 1 a 5, da seguinte maneira:

Nível 1: Os alunos podem usar telefone apenas atividades relacionadas às aulas.

Nível 2: Os alunos podem manter consigo o telefone, mas não devem tirá-lo do bolso ou da mochila durante o horário de aula.

Nível 3: Porta-telefones nas salas de aula: os alunos colocam seus telefones em um bolso de parede ou unidade de armazenamento no início de cada aula e pegam-no no final.

Esses três níveis parecem ser os mais comumente empregados pelas escolas norte-americanas hoje. Acredito que os dois primeiros são quase inúteis. Muitos alunos não têm controle de impulso para evitar verificar o telefone durante o horário de aula se este estiver ao seu alcance. Um professor da Scarsdale High School me disse que quando é imposta a proibição de usar telefones durante as aulas, alguns alunos dizem que precisam usar o banheiro para verificar seus celulares.

Os porta-telefones são um pouco melhores para o aprendizado, porque tiram o aparelh do bolso do aluno. Mas seu efeito na vida social escolar pode ser pior: um resultado provável da prática é que todos os momentos entre as aulas serão dominados por crianças olhando para baixo silenciosamente em seus telefones, obtendo o que lhes foi negado por 50 minutos durante a aula. Aos amigos, nas conversas, eles dão apenas uma fração de sua atenção.

Vamos em frente:

Nível 4: Bolsas com chave (como as fabricadas pela Yondr ). Quando chegam à escola, os alunos são obrigados a colocar o telefone em uma bolsa pessoal. Esta é então trancada com um alfinete magnético (como as etiquetas antirroubo usadas em lojas de roupas). Os alunos mantêm a bolsa consigo, mas não podem desbloqueá-la até o final do dia escolar, quando acessam um dispositivo de desbloqueio magnético.

Nível 5: Armários de telefone Quando chegam à escola, os alunos trancam seus telefones em um armário seguro com vários compartimentos pequenos. Eles guardam a chave e só voltam a ter acesso aos armários telefônicos quando saem da escola.

As práticas de nível 4 e 5 colocam qualquer aluno visto usando um telefone durante o dia escolar em clara violação. São as duas únicas políticas que conheço que podem criar escolas sem telefone. São as políticas com maior probabilidade de produzir benefícios educacionais, sociais e de saúde mental substanciais, porque são as únicas que proporcionam aos alunos seis ou sete horas por dia longe do telefone.

As bolsas com chave são de baixo custo e fáceis de implementar. No entanto, ouvi de alguns alunos que seus colegas (com a ajuda de vídeos do YouTube) encontram maneiras de abrir suas bolsas e usar seus telefones sempre que acham que nenhum adulto está assistindo.

Armários telefônicos podem ser mais complicados de instalar, logisticamente – especialmente em escolas grandes. Mas eles são a maneira mais confiável de apartar os alunos do telefone durante o período escolar e oferecem os maiores benefícios.

Uma escola que se livre dos telefones ainda terá que descobrir o que fazer com laptops, tablets e computadores na sala de aula. Os alunos certamente usariam qualquer dispositivo conectado à Internet para enviar e receber textos e para acessar suas contas nas redes sociais. No ano passado, proibi todas as telas – até mesmo laptops para fazer anotações – de todas as minhas aulas de graduação e MBA e, no final de cada semestre, os alunos concordaram fortemente que isso melhorou as aulas para eles. Mas mesmo na ausência de uma proibição de computadores portáteis, estes dispositivos maiores são mais facilmente geridos e não têm tanta probabilidade de perturbar as interações sociais fora da sala de aula, como os smartphones.

Aqueles que se opõem à proibição do telefone levantam uma série de objeções. Os smartphones podem ser ferramentas de ensino úteis, por exemplo, e podem tornar mais fácil para alguns professores criar planos de aula envolventes. Isso é verdade, mas qualquer aumento no envolvimento durante uma aula pode ser compensado pela distração dos alunos durante a mesma aula. Quando acrescentamos os custos para todos os outros professores e a perda de ligação social entre as turmas, é difícil ver como o benefício marginal de uma aula por telefone supera os custos de um corpo discente centrado no telefone.

Um argumento mais comum vem dos pais, muitos dos quais têm medo de que algo possa correr mal na escola e querem garantir que seus filhos estejam sempre acessíveis. Estes receios podem ser compreendidos, mas também fazem parte da causa dos problemas de saúde mental da Geração Z. No seu livro Paranoid Parenting , o sociólogo Frank Furedi descreve como um novo estilo de parentalidade protetora varreu a sociedade britânica e norte-americana na década de 1990, em resposta à percepção de que os riscos para as crianças estavam aumentando. Quando os pais acreditam que tudo é arriscado e não podem confiar em outros adultos para proteger seus filhos, eles adotam uma abordagem mais defensiva em relação à criação dos filhos. Tentam protegê-los de todos os riscos, mesmo quando isso os priva de experiências valiosas de independência.

Mas os pais de hoje – mesmo os que cresceram num período em que as taxas de criminalidade eram muito mais elevadas do que são agora – geralmente têm boas recordações de irem a pé ou de bicicleta para a escola com outras crianças, ou simplesmente de passarem algum tempo longe da supervisão dos pais para sair com os amigos. Acredito que crianças e adolescentes se beneficiariam em termos de desenvolvimento se passassem seis ou sete horas por dia sem contato com os pais.

E os tiroteios em escolas? Sou pai de dois estudantes do ensino fundamental e, claro, gostaria de me conectar com meus filhos nesse cenário de pesadelo. Mas será que uma escola onde todos os alunos têm um smartphone seria mais segura do que uma onde apenas os adultos os têm? Ken Trump, presidente dos Serviços Nacionais de Segurança e Proteção Escolar , alerta que usar um celular durante uma emergência pode aumentar os riscos de segurança. “Durante um cativeiro, os alunos deveriam ouvir os adultos da escola que dão instruções para salvar vidas”, explica ele . “Os telefones podem desviar a atenção. O silêncio também pode ser fundamental.” Além disso, parece-me que 300 pais correndo para a escola em 300 carros provavelmente tornariam as coisas mais difíceis para os socorristas.

A comunicação é geralmente uma excelente possibilidade. Quando os telefones celulares tornaram-se comuns na década de 1990, os adolescentes da geração do milênio os adotaram com entusiasmo. Esses telefones não tinham um navegador de internet ou aplicativos habilitados para a rede. Podemos chamá-los de “telefones de comunicação”, porque foram projetados para ajudar pessoas a se comunicar com outras pessoas. E é para isso que os millennials os usavam: ligar e enviar mensagens de texto para seus amigos, muitas vezes sobre como e quando se reunir pessoalmente. Quando os eram adolescentes, sua saúde mental era boa – um pouco melhor do que a da Geração X, antes deles, e muito melhor do que a Geração Z, depois deles (como Twenge relata em seu novo livro Generations). Telefones de comunicação são úteis.

Os smartphones são muito diferentes. Eles podem ser usados para comunicação, mas têm milhares de outras aplicações, muitas das quais são cuidadosamente projetadas para atrair e manter a atenção de uma criança. Penso que é desnecessário e imprudente dar às crianças smartphones como seus primeiros telefones.

Os pais geralmente dão às crianças seus primeiros telefones no início do ensino fundamental, supostamente por boas razões: queremos poder alcançar nossos filhos para organizar atividades, e queremos que eles possam nos alcançar se algo der errado. Então, demos a nossos filhos telefones de comunicação! Eles fazem exatamente o que você quer e não fazem as coisas que você mais teme (fornecendo acesso 24 horas a mídias sociais viciantes, videogames e muito mais). Minha esposa e eu demos a nossa filha um Gizmo Watch quando ela completou 9 anos. Ela podia ligar apenas três números com ele, e nós (os 3 membros da família) poderíamos chamá-la. Era o dispositivo de comunicação perfeito para uma garota que ia a pé para a escola, mandando recados e encontrando-se com um amigo em um parque próximo. Isso permitiu que minha filha tivesse mais experiências do que teríamos permitido a ela sem o relógio.

Se a maioria dos pais adiasse dar aos filhos um smartphone até o ensino médio, fornecendo apenas telefones comuns até lá, isso amplificaria os benefícios de bloquear telefones nas escolas. Isso significaria que, quando terminam as aulas e as crianças se reencontram com seus telefones, a maioria delas usaria esses aparelhos para ligar ou enviar mensagens de texto para seus amigos e familiares, em vez de dedicar a próxima hora a percorrer as postagens do Instagram.

À medida em que a crise da saúde mental dos adolescentes continua e as taxas de depressão, ansiedade e automutilação continuam a aumentar, não podemos permanecer impotentes. Seria ótimo se as plataformas de mídia social aplicassem idades mínimas para abrir contas, mas todos os sinais indicam que elas não serão obrigados a isso. Seria ótimo se leis as obrigassem. Seria melhor ainda se a idade mínima para o uso de mídias sociais fosse aumentada para pelo menos 16 anos. As soluções para esta crise são abrangentes, e algumas precisam envolver o Estado.

Mas pais, professores e gestores escolares também podem tomar medidas significativas desde já. Os pais podem oferecer apenas telefones de comunicação até o ensino médio, e podem se coordenar com os pais dos amigos de seus filhos, facilitando essa escolha para todas as famílias envolvidas. As escolas que estão usando os níveis mais baixos de restrição de telefone podem evoluir para bolsas bloqueáveis ou armários de telefone. Minha esperança, como pesquisador, é que alguém implemente essas mudanças experimentalmente, atribuindo aleatoriamente a algumas escolas de ensino médio a responsabilidade de implementar essas mudanças o mais rápido possível. Dessa forma, poderíamos obter evidências empíricas sobre se as escolas sem telefone realmente trazem os benefícios que eu previ com base na pesquisa.

“Isso me ajudou muito”, disse uma estudante da San Mateo High School, na Califórnia, à NBC News depois que sua escola começou a usar bolsas bloqueáveis. “Antes, eu geralmente gostava de me curvar na lateral da minha mesa, checava meu telefone e enviava mensagens para todos. Mas agora não há outra coisa para nós olharmos ou fazermos, exceto prestar atenção e dialogar com nosso professor.

Todas as crianças merecem escolas que as ajudem a aprender, cultivar amizades profundas e se tornar jovens adultos mentalmente saudáveis. Todas as crianças merecem escolas sem telefone.

  

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Museu gaúcho apresenta histórias de crianças sequestradas na ditadura por OPERA MUNDI

 

                                         HTTPS://BIT.LY/4BBMIX5


Ainda temos muito a saber do 
imaginário,não das crianças neste 
caso,
mas da ditadura sobre rapto,adoção 
forjada e mortes de crianças e jovens
 no BRASIL durante a ditadura militar.

Exposição virtual Cativeiro sem Fim é baseada no


 livro-reportagemde mesmo nome do jornalista Eduardo Reina;

 mostra tra entrevistas com algumas das vítimas

As histórias de bebês, crianças e adolescentes sequestrados por militares

 durante a ditadura no Brasil podem ser vistas em uma mostra multimídia no

 Museu das Memórias (in)Possíveis, de Porto Alegre.

A mostra traz entrevistas com algumas das 19 vítimas desse crime e revela

 como os sequestros foram sistematicamente escondidos, negados e

 ocultados da história nacional. São filhos de guerrilheiros, militantes de

 esquerda e de oposicionistas ao regime de exceção que foram adotados

 ilegalmente por famílias dos próprios militares ou por pessoas

 ligadas às Forças Armadas. 

A exposição virtual Cativeiro sem Fim é baseada no livro-reportagem de

 mesmo nome do jornalista Eduardo Reina.

A mostra online, que tem apoio da Associação Psicanalítica de

 Porto Alegre, apresenta, além das entrevistas, fotos e material obtido

 durante os anos de pesquisa.

Na avaliação dos psicanalistas, os efeitos traumáticos desse
 tipo de violência são devastadores, pois a lógica da filiação é estruturante

 .


No site do Museu, uma reflexão com base no trabalho aproxima o

 visitante dos sentimentos das vítimas.

“Imagine que um dia você descobrisse que seus pais não são os seus pais,

 o seu nome não é o seu nome, e a história que lhe contaram sobre a sua

 vida toda é fundada numa mentira? Mas, muito mais que isso, 

descobrisse que aqueles que você chama de pai, de mãe estiveram 

envolvidos no assassinato ou desaparecimento de seus pais biológicos?

 O que você sentiria? O que restaria de você? Em quem você confiaria? 

Poderia confiar novamente? Onde você se agarraria para manter

 algo de si?”, questiona uma das curadoras da exposição e fundadora

 do museu, Maira Brum Rieck.

A exposição será permanente e está à disposição do público no site 

do museu.

LEIA NO ORIGINAL-

https://bit.ly/4bbmIx5