domingo, 28 de agosto de 2022

O mistério dos brinquedos antigos que está intrigando cientistas ... UOL



 Imagem: Getty Images


POR https://bit.ly/3TlHlhU

Amanda Ruggeri - BBC Future

27/08/2022 08h58

Brinquedos mais antigos do mundo datam de milênios atrás -

 e arqueólogos continuam tentando descobrir como brincavam 

crianças da Antiguidade.

O arqueólogo americano Gus Van Beek (1922-2012) passou duas 

décadas escavando a antiga cidade assíria de Tell Jemmeh, que foi

 habitada há cerca de 2.200 a 3.800 anos, na região que hoje corresponde 

ao sudoeste de Israel.

Van Beek recuperou tantos objetos que o Instituto Smithsonian, nos 

Estados Unidos, levou 40 anos para catalogar todos. Havia moedas, 

escaravelhos, amuletos e uma imensa coleção de cerâmica ? tão grande 

que parte dela precisou ser descartada posteriormente.

Mas, para Van Beek, "entre os mais enigmáticos objetos recuperados", o local trouxe uma descoberta: 17 pequenos discos arredondados ? alguns feitos de giz, outros de pedra, mas a maioria de cacos reciclados ? com dois orifícios propositais no centro.

Van Beek não foi o primeiro arqueólogo a descobrir objetos 

como esses. 

E nem o último. Eles foram encontrados em sítios arqueológicos

 no Japão, 

no Egito, na Índia e no continente americano, entre outros locais.

Três desses objetos foram encontrados na cidade de Nova York, nos Estados

 Unidos, no mesmo local onde ficava um acampamento do Exército 

britânico durante a Guerra da Independência americana (1775-1783) ?

 um deles, feito com uma moeda. E já foram encontrados, em outros

 lugares, objetos similares datados de 4 mil anos atrás.

Alguns arqueólogos acreditam que esses objetos fossem botões. 

Para outros, eram pesos de teares, cerâmica perfurada ou foram 

simplesmente classificados como "objetos diversos".

Mas, para Van Beek, eles relembravam outra coisa. "Eu me lembrava 

de brincar, quando era criança, com um objeto similar", observou ele.

Passe um cordão pelos orifícios, estique e relaxe o cordão e o disco 

irá girar.

 Van Beek deu aos objetos o nome que eles tinham quando ele era criança ? buzzes ("zumbidos", em inglês) ? e chegou a tentar, ele próprio, 

criar um deles.

Outros acadêmicos já haviam suspeitado que fossem brinquedos, 

mas havia também os céticos. Confiar nas próprias memórias da 

infância e projetar nossa experiência moderna em uma sociedade 

distante parecia, no mínimo, um procedimento pouco acadêmico.

O mistério dos brinquedos antigos de Van Beek é apenas um dos muitos

 quebra-cabeças arqueológicos relacionados às brincadeiras infantis. 

Ele ilustra muitas das armadilhas que encontramos ao estudá-las.

Nós sabemos que as crianças brincavam e, muitas vezes, com objetos. 

Mas outras questões, como quais objetos elas usavam e de que

 forma, permanecem muito difíceis de responder.

Tão difíceis, na verdade, que inspiraram a "piada dos arqueólogos".

 Um arqueólogo encontra um pequeno objeto. "O que é isto?", 

ele pergunta. "Não sei", responde outro. "Deve ser um brinquedo... 

ou um objeto religioso."

A piada pode não ter graça, mas entender como as crianças brincavam 

é importante ? até porque esse entendimento é parte de um debate que

 já dura décadas: o que a infância realmente significava para as 

gerações passadas, se é que ela tinha algum significado?

Nos anos 1960, o historiador amador francês Philippe Ariès (1914-1984) 

publicou a teoria de que, na maior parte da história, a mortalidade i

nfantil era alta demais para que os pais investissem muito nos seus filhos

 em termos de sentimentos e recursos. Por isso, as crianças eram tratadas 

como adultos em miniatura.

E esse tratamento se estendia às brincadeiras. Ariès escreveu que, 

depois da primeira infância, as crianças não tinham mais brinquedos 

e jogos específicos para elas. Por isso, elas brincavam com os mesmos

 objetos dos adultos.

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